Você sabia que algumas doenças reumatológicas podem ocasionar Lúpus Neonatal nos bebês?
O Lúpus Eritematoso Neonatal é uma doença autoimune rara, causada pela passagem de anticorpos da mãe para a criança através da placenta. O principal anticorpo responsável por isso é o anti-SSA/Ro, que pode estar presente em pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico, Síndrome de Sjögren, Doença Mista do Tecido Conjuntivo e até mesmo Artrite Reumatoide.
Esses anticorpos, quando transferidos para o bebê, podem causar uma série de manifestações clínicas que variam em severidade. Algumas alterações podem ocorrer no corpo do bebê, que incluem, mas não se limitam a erupções cutâneas, alterações hepáticas e hematológicas. As erupções cutâneas são frequentemente caracterizadas por lesões eritematosas, que podem aparecer no rosto e em outras áreas expostas ao sol. Essas lesões geralmente se resolvem espontaneamente dentro dos primeiros seis meses de vida, à medida que os anticorpos maternos são gradualmente eliminados do organismo do bebê.
Além das manifestações cutâneas, os bebês afetados podem apresentar anormalidades hepáticas, como hepatomegalia e elevação das enzimas hepáticas. As alterações hematológicas incluem anemia, trombocitopenia e leucopenia, que são consequências diretas da presença dos anticorpos maternos no sistema do bebê. Embora essas condições possam ser preocupantes, muitas vezes são transitórias e resolvem-se sem intervenção médica significativa.
Entre os sintomas, o mais grave é quando ocorre o acometimento do coração, especificamente o bloqueio cardíaco congênito, que é uma condição onde os impulsos elétricos que controlam os batimentos cardíacos são interrompidos. Essa condição pode levar a bradicardia fetal e, em casos severos, pode resultar na necessidade de um marcapasso permanente. O risco de complicações cardíacas destaca a importância de um diagnóstico precoce e de um acompanhamento rigoroso durante a gestação.
Por isso, as pacientes com as doenças reumatológicas mencionadas precisam de um acompanhamento especial durante a gestação. Esse acompanhamento inclui monitorização fetal regular, ecocardiografias fetais para detectar precocemente sinais de bloqueio cardíaco e ajustes no tratamento materno para minimizar o risco de complicações para o bebê. A colaboração entre reumatologistas, obstetras e cardiologistas é essencial para garantir o melhor desfecho possível tanto para a mãe quanto para o bebê.